Inicialmente era evidente que a conversa entre o Ministro Centeno e os ex-futuros administradores da CGD não tinha passado de uma infantilidade de alguém que possui outras qualidades que não as de argúcia política. Como “amor com amor se paga”, foi porém compreensível a insistência dos Partidos mais à Direita ao quererem pegar neste assunto. Afinal, aos pedidos de demissão e às tricas partidárias devem ambos os lados ter direito, não é?!
O que também não é nada estranho, é o facto de ninguém se aperceber que tem ficado por responder a grande questão desta novela. Afinal, o que esconde o património daqueles “gestores” que ninguém pode saber?! Porém, tanta tem sido a falta de cooperação do Governo Geringonça que este assunto acabou por se tornar mais relevante do que era suposto. Ou seja, já agora, o povo quer mesmo saber o que lhes disse o Ministro e que se quer esconder com tanto empenho?!
Se calhar, não foi nada de jeito… mas note-se que por muito menos o Presidente Clinton foi levado a Impeachment nos Estados Unidos, e não foi por ter sujado a saia à Lewinsky mas essencialmente por perjúrio, ao ter omitido as circunstâncias que levaram a sua estagiária a tomar conhecimento em que parte do corpo tinha ele supostamente uma águia americana tatuada.
Eu sei que cada cultura possui os seus próprios dogmas políticos. Por exemplo, em Itália uma tal deputada ganhava votos por meter de fora partes do corpo, que não as mesmas que o Presidente norte-americano expôs na sala oval. Nós por cá, temos a cultura de proteger os nossos Ministros da exposição a inquéritos desconfortáveis, e lembremo-nos do caso dos submarinos.
Neste caso, a CGD bem poderia funcionar como uma espécie de Monica Lewinsky que levaria o Ministro Centeno, pelo menos, a um processo desconfortável em qualquer democracia moderna noutra parte do Mundo. Mas em Portugal… estamos tramados porque por este andar, nunca saberemos em que parte do corpo tem a Geringonça as suas próprias “tatuagens” escondidas…